A canção do silêncio.


Podemos reconhecer que estamos em um mundo barulhento. Não apenas o barulho das ruas, das notícias, como também de nossos pensamentos, críticas e preocupações que parecem nunca parar.
Aprendi há um bom tempo uma forma de meditação que me permitiu escutar uma nova música. Não negava nenhum ruído, nem do latido dos cachorros, nem da conversa das pessoas, nem minha respiração, nem meus pensamentos, mas não me fixava em nenhuma destas impressões, em realidade caminhava entre elas até que quase tudo parecia se transformar em apenas um som , uma só nota, um Om, e minha alma ficava em silêncio, encantada.
Para entendermos um copo, precisamos entender seu espaço interno; para entendermos um rio, precisamos entender seu leito; para entendermos uma música, precisamos admirar seus intervalos; para entendermos um outro, precisamos escutar com tranquilidade; para entendermos a vida, precisamos lhe dar espaço e atenção amorosa.
Se não escutarmos a música da quietude que está entrelaçada com qualquer manifestação, nossos movimentos serão sempre um pouco sem direção, erráticos e sem sentido, ao sabor de miríades de ruídos existenciais e teremos dificuldade para escutarmos a canção de nossa alma, dos outros, e de tudo o que é. Continuaremos na superfície que nem bobos.
Estejam em paz e sintam-se abençoados.
Betôh, junho de 2020.

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