Sobre nossos devaneios.


Acredito que todos devaneamos de tempos em tempos. Quando somos ativados por uma lembrança; quando nos imaginamos ganhando algum prêmio e tudo o que podemos fazer com isto; quando nos imaginamos em alguma relação ou inúmeras outras situações normalmente descoladas de nossa realidade presente. Nossos devaneios normalmente são um bálsamo para nossa alma.
Eles se diferenciam de nossos desejos, apesar de poderem ter um certo entrelaçamento, pois se de um lado quando desejamos alguma coisa estamos focados, com mente normalmente acelerada, e, principalmente, temos a plena consciência que não fazem parte de nossa realidade presente; por outro, em nossos devaneios, estamos relaxados, sentindo que estamos vivendo esta experiência, estando em estado mental de alfa profundo ou mesmo teta, uma verdadeira viagem psíquica.
Estes estados também se diferenciam do estado de contemplação, pois na contemplação, mesmo estando em frequências mais profundas, temos algum foco real ou imaginário como por exemplo quando experienciamos um pôr do sol, um céu estrelado ou um oceano.
Podemos perceber que nosso ser tem diversos aspectos, diversas vozes, diversos fractais. Não precisamos nem ir tão longe e imaginarmos vidas passadas ou realidades paralelas; nossa própria experiência do dia a dia expressa diversos aspectos.
Um dos segredos da vida está em como podemos equilibrar estes diversos aspectos em um todo coerente. Principalmente depois de uma experiência disruptiva onde necessitamos reunir nossos cacos.
Minha avó materna fazia crochê e me lembro que fez durante uma época cobertores com diversos losangos coloridos para mim e meus irmãos já nascidos. Podemos também pensar em um mosaico construído de diversos pedaços e que se torna uma obra de arte. Ou ainda em um maestro que conduz todos seus músicos de uma forma harmônica e coerente. Ou mesmo em uma mandala. Todas estas situações apontam para uma interação coerente entre o centro e a periferia.
Nossa qualidade de vida tem muita relação de como integramos nossos diversos fragmentos. Pode ser uma obra de arte ou uma bagunça e qualquer ponto intermediário entre estes extremos. Precisamos para isto saber manter um equilíbrio dinâmico com nossas partes, ocupando um ponto central, de maestria.
Voltando a nosso tema, mesmo que uma grande parte de nossos devaneios não se realizem em nosso dia a dia, eles podem sim ser um dos aspectos de nosso processo de co-criação , um processo de apaziguamento e restauração ou mesmo uma ponte para realidades paralelas. Como em um concerto, eles podem ocupar uma parte de um movimento musical mais suave, sabendo que se de um lado pode-se ter aquela janela de expressão de outro é necessário em seguida dar passagem a outros movimentos, para evitar uma inundação psíquica. Todos os movimentos de nossa alma têm sua importância e momentum.
A carta da Temperança do Tarot pode ter nos devaneios um de seus aspectos associados.
Espero que tenham gostado deste texto.
Um grande abraço e bons sonhos.
Betôh, setembro de 2023.

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2 respostas para Sobre nossos devaneios.

  1. Monica disse:

    Adorei como abordou este assunto 🙏

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