O Naipe de Copas

O presente texto resultou da apresentação feita por Beth Simonsen na
Jornada com os Arcanos Menores, realizada no segundo semestre de 2010.
O trabalho de transcrição e de redação ficou a cargo de Ivana Mihanovich.

Para poder falar do naipe de Copas, antes é importante passar algumas bases do sistema que criei e utilizo, para uma melhor compreensão das correlações que faço. Essas bases estão fundamentadas em conhecimento muito antigo, fazendo parte também, portanto, dos estudos iniciais da Astrologia. A tabela abaixo é uma forma de facilitar a absorção desses conceitos essenciais, antes de aplicá-los ou de sobrepô-los aos conceitos referentes aos naipes dos arcanos menores.

Basicamente, o que percebi foi uma associação natural de cada carta ao conjunto de sentidos e expressões dos elementos, estados e ritmos de cada signo. Considerando que Aquário e Peixes são signos de síntese e contém em si um pouco de cada um dos outros signos, temos os dez signos restantes: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer e assim por diante, até Capricórnio.

Quadro resumo de qualidade

Cada signo está relacionado a um dos elementos e seus estados correspondentes Fogo (quente e seco), Terra (fria e seca), Ar (quente e úmido) e Água (fria e úmida), como também ao que chamamos de “ritmo”, que apresenta-se em três variações: Cardeal, Fixo e Mutável. (Obs: na tabela acima não constam esses estados, para não estendê-la demais)

Fundamentalmente, o Fogo é expansivo e representa a ação ou a vontade, a Terra é retentora e remete-se à sensação, concretização ou posse, o Ar é liberador e refere-se ao mental ou intelecto e a Água é permeável, acolhedora e é quem fala das emoções e dos sentimentos. Por sua vez, cada ritmo refere-se ao tom que permeia sua busca ou expressão. Assim, Cardeal refere-se ao que aplica a ação na busca de si mesmo, Fixo é a busca de segurança ou estabilização e Mutável é a busca de conhecimento.

Os naipes estão também relacionados aos elementos, sendo que Paus é associado ao Fogo ou ação/vontade, Ouros à Terra ou concretização/sensação, Espadas ao Ar ou mental/comunicação e Copas, nosso objeto de estudo aqui, à Água, ou ao emocional e às empatias ou identificações.

Sempre lembrando que o elemento do naipe predomina sobre o da carta, é importante dizer há uma hierarquia entre os naipes, considerando-se se estão mais ou menos sintonizados de acordo ao quanto a carta tem o mesmo elemento do naipe ou um que a ele se contrapõe em maior ou menor grau.

Assim, por exemplo, um 5 de Copas é Leão (5), que é originalmente fogo, mas que é “domado” ou tem a potência diminuída pelo emocional da água de Copas. Desse modo, a sua natural busca de segurança via expressão do ego ou do ser, torna-se a dúvida sobre a própria capacidade ou o momento do ego/orgulho ferido, magoado.

Mas vejamos pela ordem:

As cartas de Copas de 1 a 10

O Ás ou 1 é a ação ou impulso. Em Copas, é a ação emocional da unidade, isto é, interiorizada. Portanto é o momento do isolamento ou da busca de unidade interior.
O 2 é a segurança material, que em copas é material/emocional, isto é, trata-se de ter o outro, de estar junto.
O 3 é a busca ou divulgação de conhecimento, mas afetado pela água de Copas é receber um dado (conhecimento, dúvida ou informação) que abala ou afeta o emocional.

Ás, Dois, Três, Quatro e Cinco de Copas
Reproduções do Tarô de Oswald Wirth, publicado pela U.S.Games

O 4 é a ação emocional e, amplificado pela água de Copas, torna-se o acolhimento emocional, por exemplo, a família.
O 5, como vimos antes, é a dúvida sobre a própria capacidade ou o orgulho ferido.
O 6 é a busca de conhecer através do material, do palpável, e aqui em Copas torna-se o material que se escolhe pelo gosto pessoal, pela simpatia ou preferências.
O 7 é a ação mental, que, em Copas, se dá via emocional, então há uma flexibilidade emocional, mas que por outro lado apresenta a necessidade de discernir entre a multiplicidade de sentimentos/pensamentos.

Seis, Sete, Oito, Nove e Dez de Copas
Reproduções do Tarô de Oswald Wirth, publicado pela U.S.Games

O 8 é a busca de segurança através da energia que evoca o emocional, ou do envolvimento e da troca com o outro. Sendo o elemento do signo, mostra a possibilidade de uma troca de energia de alta qualidade.
O 9 é a busca de si mesmo através de uma ação emocional, por exemplo, lidar com a psique através das meditações para a reavaliação dos objetivos ou das situações.
O 10 é a ação material, a realização propriamente dita, que, em Copas, associa-se aos sentimentos, revelando, por exemplo, a celebração por algo realizado.
Agora vejamos as chamadas Cartas da Corte:

As cartas da Corte no naipe de Copas

Os Reis são associados ao elemento Fogo e falam de ação e poder. Em Copas, trata-se do magnetismo pessoal, do poder dos sentimentos, da emanação de simpatia ou carisma.
As Rainhas estão associadas ao elemento Água e referem-se à força das emoções, bem como, naturalmente, às expressões do feminino. Em Copas, a Rainha remete-nos à compaixão, ao acolhimento, à capacidade de perdão, à compreensão do outro.

Rei, Rainha, Cavaleiro e Pajem de Copas
Reproduções do Tarô de Oswald Wirth, publicado pela U.S.Games

Os Cavaleiros estão associados ao elemento Ar e representam a liberdade, o dinamismo, a autonomia e a comunicação. Em Copas, ele falará do amor descompromissado, da liberdade e autonomia no campo afetivo.
Os Pajens estão associados ao elemento Terra e falam de trabalho, empenho, pragmatismo e dedicação. Em Copas, o Pajem refere-se ao empenho ou esforço por uma causa que é de seu gosto pessoal ou então que é do gosto de alguém que é o objeto de seu afeto.

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