“Houve um tempo, em que todas as mulheres eram sagradas.
Em que eram vistas como Deusas, como senhoras de seu próprio destino.
Houve um tempo, em que o corpo era sagrado, em que o sexo era uma prece. Em que homens e mulheres respeitavam-se e reverenciavam-se.
Houve um tempo em que a mulher era feiticeira, faceira, tecelã, curandeira, parteira.
A mulher banhava-se na natureza, perfumava-se com jasmim. Andava de pés descalços, corria pela mata. Usava compridas saias, rodadas, coloridas, leves. Dançava para ela, dançava para a vida, dançava para seduzir, dançava para fertilizar.
Sua voz era como o canto da mais bela ave. Sua beleza era fascinante, encantadora. Era aos poetas a inspiração e aos músicos, canção. A mulher era rendeira, cozinheira, mãe, sagrada, admirada. De joias e pedrarias era adornada e, da natureza, sua maquiagem retirava.
Onde está esta mulher?
Em que fase da história ou período ela perdeu-se?
Onde devemos procurá-la?
Na verdade, esta mulher-sagrada ainda existe. Está imersa em outras formas, em outras faces, em outros costumes. Mas se priva, se poda, se adapta, se escraviza… E não lembra do que já foi em sua totalidade.
Hoje esta mulher é empresária, médica, advogada, policial, recepcionista, dona-de-casa, política, enfermeira, escritora, estilista. Ela ainda está aqui, mas não lembra quem realmente é. Perdeu a memória. Esqueceu-se de sua sacralidade, de sua divindade, de sua superioridade.
Mulher!
Coloca tua saia rodada, penteia-se com o orvalho, tira o sapato dos pés.
Permita-se bailar com o vento, satisfazer seus desejos, impor sua vontade.
Permita-se amar, realizar, cantar.
Permita-se sentir bela, amada, desejada, sentir prazer.
Permita-se fazer aquilo pelo qual tua alma anseia.
Permita-se honrar a Deus, à natureza.
Permita-se viver a tua vida, e ser a senhora absoluta do teu destino.
Mulher, dentro de ti há tantas outras, que tu ignora totalmente.
Será você fértil doce e maternal como Deméter?
Ou vingativa como as três Fúrias?
Quem sabe arrebatadora e feroz, como as Harpias.
Talvez seja feiticeira, sábia e misteriosa como Hécate.
Ou soberana e dotada de magia como Ísis, mãe dos egípcios.
Um tanto implacável, forte e destemida como Kali.
Encantadora e misteriosa como as Nereidas.
Quem sabe é curiosas como Pandora. Confiável e mensageira, como Íris.
Ou justa como Têmis. Talvez seja sensual, impulsiva e totalmente movida pela paixão, como Afrodite.
Ou seja, selvagem como Ártemis.
Pode ser que seja repleta de cores e amores como Eros. Ou então maléfica como Éris.
Mas… Possivelmente, sejas todas elas juntas!
Mulher, vem!
Resgata o teu papel, o teu feminino sagrado, tua ancestralidade.
Não tenha medo de seguir a luz, de se entregar ao Sol.
Muito menos de mergulhar nas trevas do submundo, das fogueiras, dos encantamentos.
Prove de todos os reinos e sabores, permita-se viver intensamente cada instante.
Siga seus instintos e extintos.
Seja simplesmente você”.