Em nossos primeiros estudos e reflexões entendemos a entidade humana como corpo – nossa fisicalidade neste plano; alma – uma estação intermediária que passa pelo processo de evolução, e espírito – aquela parte do ser que mantém a unidade com o Tudo que É.
Eventualmente, a alma reintegra-se com o espírito e atingimos a realização. Dentro desta visão, tudo o que conhecemos e reconhecemos parte de nosso ser – nossa mente, nossas emoções, nossos pensamentos, nosso consciente, nosso inconsciente, nossa personalidade, nosso ego, enfim, todo o nosso psicologismo e psiquismo fariam parte de nossa alma.
Uma visão um pouco diferente fará uma divisão corpo físico e etéreo; personalidade; alma e espírito. Não muda muito, pois a reintegração também se fará entre personalidade integrada (mente e emoções), alma e espírito, sendo que de certa forma a alma estará em um nível mais elevado do que a personalidade. Uma outra visão trabalha com os átomos-nous, que seriam átomos permanentes que estariam associados e que passariam pelas diversas manifestações, não sei se necessariamente juntos.”
Em uma segunda parte de nossos estudos começamos a perceber ou tomar consciência de que existem diversas dimensões que se sobrepõem, diversos campos de experiências espaço-temporais que atuam uns sobre os outros, diversos corpos de manifestação, o que complica um pouquinho.
Em uma terceira etapa de nossa caminhada, começamos a tomar consciência que uma parte de nosso ser está chegando de um processo de evolução, que provavelmente passou por todas as etapas que a ciência nos ensina, passando eventualmente por alguns saltos, até chegar à capacidade de ser autoconsciente, chegando a estabilidade do funcionamento orgânico-biológico do funcionamento instintivo, passando pela dimensão emocional da experiência humana chegando eventualmente a desenvolver sentidos mais sutis como a compaixão, sensitividade e intuição.
A alma em desenvolvimento teria o poder de envolvimento e atração magnética, atraindo para seu campo de experiência tudo com o que se identifica ou pelo menos chega ao seu foco de atenção, trabalhando por eras os fatores binários assimilar-rejeitar e o lutar-fugir. Tirando o “l” da alma temos ama, e o “l” funciona como uma espécie de cola ou magneto com tudo.
Percebemos que funções importantes da alma são envolvimentos, assimilações e desprendimentos que possibilitam as mudanças e experimentação contínuas.
Cada novo foco de atenção provoca o redirecionamento de energias e conduz a novas formas de experiências. Esta, em poucas palavras, parece ser um breve relato de parte de nossa jornada até então. Esta parte de nosso ser, provavelmente a partir de uma fagulha inicial embebida de propósito e da força desejo-vontade, vai passando por diversas fases da experiência da criação, incluindo as mais primitivas. Outra parte de nosso ser – surpresa – ao invés de um processo evolutivo passa por um processo involutivo; ao invés de se dirigir imediatamente à base da manifestação vai gradualmente densificando, passando mais aos processos de criação, conhecimento, estabilização e entendimento da manifestação. Sua relação espaço-temporal poderia ser representada por rodas dentro de rodas.
Usando um pouco de humor, poderia chamar a consciência envolvida neste processo de “almo”. Talvez Jung tenha percebido este duplo foco de manifestação existencial e dado o nome de animus e anima, mas com uma visão diferente da qual estou propondo aqui. Um está relacionado com a natureza celeste e outro com a natureza terrestre. Inicialmente poderíamos dizer que este foco de manifestação penetrava por breves períodos a experiência da alma (provocando aqueles saltos evolutivos da alma), reintegrando-se em seguida ao Tudo que É, em uma delicada dança de criação, até que este almo (que é uma outra emanação da consciência) acaba se atrapalhando, ficando hipnotizado pela experiência e se limitando neste plano, sendo seu corpo atual de expressão nosso eu médio ou personalidade, tendo a mente cotidiana como sua principal função. Nesta etapa, a principal manifestação da alma são as imagens e emoções, mas já manifesta pensamentos por assimilações do almo, enquanto que a principal manifestação do almo são os pensamentos, que estão envolvidos por emoções e imagens por sua interação com a alma.
O modo operacional do almo é segurança, estabilidade, procura de entendimento e preservação, enquanto o modo operacional da alma é mudança e atração por novas experiências, o que causa um certo stress. O casamento do rei e da rainha na alquimia simboliza a união do almo e da alma adultos, abençoados pela força de Shekina ou Espírito Santo; o que coroa esta etapa e dá início à próxima, que será o início de nossa expressão humana como seres reintegrados e divinos. Neste momento seremos templos para nosso eu superior crístico (quando dois estiverem reunidos em meu nome eu também estarei lá) e estaremos dando início à nossa missão planetária, continuidade à nossa missão grupal e superando nossa missão pessoal. Espero que logo.
Vou sugerir aqui uma imagem para meditação: “Observo as estrelas no lago tranqüilo”.
Has, não pode ser diferente.