Há mais de 5 décadas, quando ainda treinava Tai-chi-chuan, meu professor dizia que existem 3 forças básicas na natureza, que quando expressas no movimento, eram: ken, a força física bruta, a muscular. A segunda, mais sutil, C´hi, que seria a força vital, que anima toda a vida senciente, e que me parece relacionada com o prana hindú. Mas quero falar nestas pequenas reflexões sobre a terceira força, Sam, que era entendida com a força do espírito (não sei muito bem o que meu professor entendia por espírito), e que aparece naturalmente nas vidas humanas em momentos de grandes alegrias ou de grande luto. Muito difícil de integrá-la em nosso cotidiano.
Em meus estudos sobre Tarot entendo que a maioria de nós passa uma parte importante de nossas vidas tentando organizá-la e controlá-la, a partir dos papéis que desempenhamos, de nosso entendimento sobre a vida, de nossas identificações(por ex, nossa situação financeira ou status)de nossas crenças (elas são mais atuantes do que pensamos), de nossas relações e todos estes fatores nos ajudam a acreditarmos que temos um ambiente relativamente estável onde podemos nos sentir relativamente (de novo relativamente) seguros. Esta experiência no Tarot é chamada de experiência de ouros ou de terra. Neste período, somos dependentes de situações externas, vivemos muito mais de fora para dentro do que de dentro para fora (as condições exteriores determinam nosso estado de ânimo). Estamos atrelados com nossas identificações.
Um canalizador que aprecio muito, Lee Harris(podem procurar no you tube, pena que ainda não está traduzido para o português) disse em uma de sua previsões para 2022, que um grande influxo de luz ativará diferentes respostas, mas todas trarão uma possibilidade de conexão mais profunda para com o eu superior ou o espírito: para muitos vivenciarão grande luto e perdas(sem entrar em detalhes quais poderiam ser sua causa),trazendo a lembrança de meu professor de que o luto pode ser um caminho para o espírito. Outros aumentarão sua presença e sensibilidade estando mais abertos às sincronias e percepção da multidimensionalidade. E finalmente, outros aproveitarão esta grande infusão de luz expandindo seus dons e serviços ao coletivo. Todos estes movimentos se referem aos trabalhadores de luz empenhados principalmente à construção do novo, e não àqueles vinculados à velha ordem em processo acelerado de desintegração principalmente até 2024.
Voltando um pouco atrás, saindo da experiência de ouros, poderemos passar pelo processo de espadas, onde perceberemos com o que não mais nos identificamos (que acredito seja o que Jung chama de processo de individuação), ou poderemos passar por um processo disruptivo, onde nosso mundo parece cair aos pedaços (procurem no Google teoria U, vão gostar).
Tudo que falei até agora foi um preparativo para o que vou dizer agora: a melhor atitude quando atravessamos esta situação é não tentarmos entender nada, controlar nada nem resolver nada. Apenas aceitar o fato e observar. Não poderemos fechar o vazio de por exemplo, a morte de uma pessoa muito querida. No inverno, a seiva de muitas plantas que deram seus frutos descem às raízes(fundamentos), e muitas vezes os galhos que deram mais frutos são podados. Se a seiva ainda estivesse lá uma parte do chi ou energia vital seria perdido.
Nestes momentos poderemos nos encontrar com nosso Espírito.
Estes momentos de vazio poderão durar minutos, meses ou anos. O silêncio da criação. O intervalo entre as notas musicais. A oportunidade de conexão com o divino. A ascensão.
A primavera voltando, e ela voltará, renasceremos e finalmente saberemos o que fazer. Este é o verdadeiro significado da ressurreição.
Feliz 2022 para todos e estejam em paz.
Betôh, dez de 2021
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