Não ao primeiro não

Não ao Primeiro Não.

Temos uma parte importante de nossa personalidade, diretamente ligada ao nosso ego , que não gosta de mudanças, surpresas e transformações. É uma espécie de termostato psíquico. Qualquer nova impressão, seja uma notícia, um fato ou as vezes um simples comentário que possa nos causar alguma mudança , contrapor alguma crença ,algum ponto de referência, ou aparentando alguma forma de ameaça real ou imaginária ativa uma imediata reação defensiva, causando uma imediata irritação e fazendo aflorar nossas verdades e emoções de plantão. É nosso primeiro e automático não, antes de darmos a mínima oportunidade de integrarmos ou avaliarmos com maior profundidade a nova impressão e verificarmos se de fato representa alguma forma de ameaça. No mínimo reagimos exagerada e irracionalmente, e no extremo nos aproximamos de patologias, diminuindo nosso espaço e liberdade psíquica.
Percebam que a própria maneira como este processo acontece mostra como fatos exteriores, as vezes como um simples transito ou fila determinam os estados internos. Somos desta forma vulneráveis a influências externas de diversas ordens e níveis de freqüências, tornando-nos muitas vezes servos de forças negativas. Percebam também que estes processos estão diretamente relacionados com as pré-ocupações , pré-conceitos, medos, ansiedades, desejos intensos e dogmas pessoais ,sem uma relação direta e proporcional com fatos objetivos. Estamos de certa forma programados pelas nossas sombras a termos uma primeira reação negativa a fatos novos de modo que estes fantasmas possam ser alimentados e energizados.
Bom, podemos ficar uma eternidade rodando nestes círculos, e se estiver legal para nós, tudo bem. De outro lado , quando damos um certo espaço ao que nos chega, procurando olhar com outros olhos, através de outras referências, procurando por um instante o espaço procurado, o poder criador, o Silêncio de Deus, poderemos encontrar um novo ponto de equilíbrio. Na hipótese de uma pessoa com menos compreensão do que nós, poderemos encontrar novas formas ou pelo menos um melhor “timing” para ajudá-la. Se for algum perigo que nos ameaça, poderemos encontrar novas e melhores formas de lidar com o quadro, sem ficarmos afobados ou entrarmos em pânico. Se for alguma nova idéia, mesmo se não estiver de acordo com o que acreditamos, podemos considerá-la sabendo que o verdadeiro referendo virá do alto, e não de alguma autoridade, escrito ou mestre que respeitamos, pois sabemos que até Budha incentivou o poder da investigação. Muitas vezes, se dermos uma mínima oportunidade, pode ser até surpreendente, pode ser algum ensinamento que está se manifestando de uma maneira imprevista, às vezes até mesmo trazendo uma revelação. Como disse a Lorenza, uma grande guia espiritual,nem sempre o que parece ruim é ruim e nem sempre o que parece bom é bom. Sugiro que transformemos nosso primeiro não em um eventualmente temporário e cuidadoso sim, pois a aceitação de todos e tudo que já estão presentes em nossas vidas e´ o primeiro passo da verdadeira transformação e o melhor terreno ou fundamento para nossa atividade de co-criadores ,mesmo que em seguida tomemos outro rumo. Até nossos inimigos devem ser observados com atenção e estudados. Diria que tudo o que nos incomoda, inquieta, intriga, ameaça ou excita necessita de uma cuidadosa investigação, e esta requer nosso primeiro sim. A partir deste momento seremos reis e rainhas de nossas vidas, e nenhuma outra força fora da nossa associada ao divino Espírito Santo terá poder sobre nós.

Afetuosamente, Betoh.
20/2/04.

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