Tenho observado com atenção um quadro que tenho em meu quarto, com uma figura central que inspira sabedoria, firmeza e humor, e pequenos quadros laterais que o complementam. Seu nome é Hasmuni.
Vou comentar os pequenos quadros.
1) Labirinto.- o labirinto mostra a relação entre o centro e os túneis, que podem ou não estar em contato com o centro. Algumas galerias, mesmo próximas do centro, não tem ligação com ele. Estão bloqueadas e separadas. Precisamos muitas vezes elevarmos nossas freqüências para podermos visualizar o caminho do alto. Nos mostra como sairmos de nossas armadilhas conscienciais e caminharmos para a realidade maior. Podemos nos lembrar que nosso cérebro, instrumento de nossa mente, tem forma de labirinto.
2) Chuva de luz– existe a luz sagrada, vinda do alto, que é a divina luz do Espírito Santo, também chamado de Shekina ou pomba. O Manah é o alimento divino, o que vem do alto. Em outras tradições, fala-se do Fohat, o fogo divino criador, que na realidade dá a sensação de orvalho espiritual. Temos o fogo de Agni , o fogo transformador e purificador, uma outra expressão do Espírito Santo. Estas luzes celestiais nos inspiram, nos abençoam, nos orientam, nos transformam e protegem.
3) Roda– temos aqui uma espiral central com 7 vórtices que dá idéia de movimento e transformação. Temos um centro transmutador que está em contínuo processo de transformação e de co-criação. É uma espécie de biogestor psíquico. É o que transforma toda a matéria em energia, todas experiências em luz. Dependendo de sua orientação, pode seguir o caminho inverso, transformando luz em experiência, energia em matéria, produzindo o processo de manifestação e de co-criação.
4) Faixas cromáticas– diversos tons que se mesclam e se interpõem, mostrando o processo de envolvimento na experiência. Neste plano, muito longe de estarmos em uma distância olímpica , estamos profundamente envolvidos com tudo e todos. Isto em si não é bom nem ruim, é apenas necessário. Mostra , de um lado, nossos karmas e entrelaçamentos psíquicos, mas de outro, que nossa liberação também não será solitária, que estará relacionada com nossos próximos e nossa família humana e planetária. Está relacionado com nossa sensitividade e empatia.
5) Imposição de mãos– uma mão aberta, em forma de bênção- é um instrumento poderoso que temos como forma de transmissão de energias e canalização. Será muito importante cada vez mais, mais e mais impormos nossas mãos como uma forma de serviço à luz divina, e de recebermos a imposição de mãos, pois é a maneira mais simples e direta de elevação das luzes inferiores através do encontro com as luzes superiores.
6) Olho aberto– o olho de Hórus, o que tudo vê. A visão única , que equilibrou as polaridades. A força de verdade, onde as ilusões se desvanecem. O foco do espírito. A visão desapegada. A presença de Thot, o Observador silencioso. Neste quadro, existe também um símbolo de assertividade em cima do olho, uma força de associação que imprime o selo divino na manifestação a ser estabilizada.
7) Formas de natureza com uma discreta preponderância do carmesim– simbolizando a estabilização e desdobramentos das forças da natureza que vieram de cima, através do poder do som, da mente e dos mantras sagrados. A força da reverberação, provocando também o despertar da Kundalini planetária, a energia dos dragões terrestres e celestes.
8) Formas da natureza terrestre, com preponderância do verde– a ligação com as forças terrestres, com o reino elemental e a vitória sobre nosso eu inferior, possibilitando que sejamos como rainhas neste planeta. Sim, rainhas, pois é o poder do feminino, da antiga noiva que foi esposada e coroada.
O olhar de compassividade e o discreto sorriso que os Budhas demonstram mostra que Hasmuni compreende de um lado a natureza da experiência, e de outro seu caráter ilusório, de breve verdade. É o poder do verdadeiro despreendimento e liberação, mas sem virar as costas para a família humana e planetária. É o caminho do bodhisatwa.
São Paulo, Fevereiro de 2004
Betoh.