Linguagens Simbólicas – os aspectos do feminino

O texto abaixo foi elaborado como suporte à palestra realizada no SESC de Santos (SP), em 20 de março de 2011.

É bastante freqüente hoje em dia falar-se em desenvolver o lado feminino. O que poderia ser isto?Quando percebemos a natureza em seu estado mais intocado, podemos perceber inúmeras nuances de sons, odores, cores formas, entrelaçadas em um todo orgânico e ondulado. Quando sofre a ação do ser humano, percebemos formas retas, retangulares e quadradas, que é a ação da mente, que procura entender, separar, organizar, controlar. Normalmente as ruas organizam-se em retângulos. As casas, prédios e edifícios são quadrados. Os animais, grosso modo, são confinados. As plantas que nascem espontaneamente são chamadas de ervas daninhas, que fazem o mal, que prejudicam. Estes fatos cotidianos nos mostram quanto nos afastamos do feminino planetário em poucos milênios. É claro que isto não é uma realidade absoluta, e uma planta que nasce ao lado de uma penitenciária demonstra isto (já vi uma foto com este tema). O lado feminino pressupõe acolher, sentir-se em unidade, expressar reconhecimento e compaixão, envolver-se, nutrir, cuidar, mas verdade seja dita, também limitar (o ovo que nutre, mas prende), liberar, expulsar, dissolver e destruir. Estas recentes chuvas mundiais demonstram isto e mostram também como as destruições ativam os aspectos valorizados do feminino, como compaixão e solidariedade.

Alma como contraponto da Mente. O papel da Consciência.

A alma, o aspecto feminino dos seres sencientes (usando uma expressão muito usada pelos tibetanos, que significa os que sentem), pode ser considerado como um aspecto do ser que passa por um processo de evolução. Ela, como o nome diz , anima e dá vida a um corpo. Sente-se atraída e atrai um objeto de manifestação (atração magnética), envolve-se, identifica-se, funde-se, e passa pela experiência até o esgotamento e liberta-se deste corpo. Isto em diversos níveis de organização. Acrescida desta experiência, muda de foco, inicia um novo campo de experiência e assim sucessivamente ad infinitum. A imersão pode ser parcial ou total, pois é muito fluida. Pode associar-se com outros focos de expressão. No ser humano, suas principais formas de manifestação são os instintos, emoções, imaginação, sensitividade e, eventualmente, a intuição, onde tem a possibilidade de se reconectar a uma fonte de vibrações mais sutis. As qualidades do feminino citadas anteriormente podem ser consideradas expressões da alma. A maior parte do tempo procura fatores de convergência e assimilação, em diversos níveis. Sua polaridade pode ser considerada negativa, receptiva ou feminina.
A mente, de outro lado, pode ser considerada o aspecto masculino ou ativo da manifestação. É responsável pelos projetos, planos, análises, articulações, diferenciação, individualização, idéias, controles. No ser humano, seu principal foco de manifestação são os pensamentos. Tem passado por um longo processo de involução, apenas a partir de certo ponto interagindo diretamente com a alma. Eventualmente integra-se com a alma, integração esta simbolizada pela estrela de seis pontas, e surge um novo ser. A personalidade, em um nível mundano, é formada pelo encontro parcial da alma, da mente e da consciência. A maior parte das personalidades humanas ainda não está integrada. O ego, que gosto de chamar de complexo de identidade, pode ser considerado a cristalização de aspectos mais repetitivos e padronizados da personalidade. È um aspecto muito periférico do ser total, diretamente relacionado aos papéis que representamos.
A consciência (com ciência), que é neutra, participa da alma e da mente. Pode se manifestar simultaneamente em todos os corpos de expressão.
Um dos grandes problemas do que está dito acima, é o fato do ser humano ter sido criado a partir de focos de manifestação que têm um histórico completamente diferente e, portanto, tem dificuldade de juntar coisa com coisa; apesar de estar em um processo de integração. A partir desta junção, poderá ser realizada uma reconexão com o Grande Oceano de Luz. Para isto que estamos aqui.
Poderíamos dizer que o evolucionismo e o criacionismo são parcialmente verdadeiros.
Esta é minha breve história do tempo.
Bom, nos últimos 2000 anos o masculino esteve excessivamente atuante, e agora é o momento de procurarmos o equilíbrio.
Vamos então falar de aspectos do feminino em alguns sistemas simbólicos, com ênfase no Tarot.

A Alta Sacerdotisa

É uma carta de muita sensibilidade. A Alta Sacerdotisa normalmente está sentada, envolta em um azul profundo. O azul é um dos símbolos da unidade; imaginem o fundo do oceano ou a abóbada celeste em uma noite estrelada. Carrega um livro, símbolo do conhecimento.  No Tarô Mitológico ela está de pé, Perséfone, casada com Hades, o rei dos infernos (representação do subconsciente na mitologia grega), metade do tempo abaixo da superfície e metade acima (consciente e subconsciente). As duas colunas, também presentes em outras cartas, trabalham as polaridades, as forças cósmicas e telúricas, mãe terrestre e celestial. Em vários mitos, a Mãe é simbolizada pela abóbada celeste, em outros sobre o planeta. Podemos pensar em Gaia, Maria, Sophia, Isis, Kwan Ying.
O feminino é um aspecto interessante da divindade; quando se fala em feminino, logo se pensa na mãe abraçando ou amamentando seu filho, e na energia do amor. A Alta Sacerdotisa pode estar grávida, mas não teve ainda seu filho; podemos até dizer que seu amor e compreensão amorosa não estão dirigidos a um único ser, mas é impregnado de um caráter universal e incondicional.
Vocês já refletiram sobre o amor? Fundamentalmente, quando amamos queremos estar tão próximos do ser amado que sejamos uma unidade; sentimos que fazemos parte da mesma energia, da mesma essência, queremos proteger e nutrir. Quando este sentimento é inclusivo é chamado de compaixão. A compaixão é sempre assimilada à uma grande sensibilidade e profunda compreensão do outro ser, participando de uma grande intimidade. Este aspecto do sentimento humano é simbolizado pela Alta Sacerdotisa.
Existe uma diferença importante entre simpatia e empatia. Na simpatia, quando uma pessoa não está legal, nossa energia também ficará mais pesada, e na empatia, mesmo vibrando nossa compreensão amorosa, conseguimos manter nossa freqüência, sendo mais fácil ajudarmos a quem amamos. A Alta Sacerdotisa não perde a dimensão espiritual quando entra em contato com a dor e o sofrimento… Imaginem se a Madre Tereza fosse ficar desesperada com as crianças que entrasse em contato… Ela não teria realizado sua obra. Ela é uma santa justamente porque consegue trabalhar, manter-se
firme e manter a coragem espiritual de emanar amor incondicionalmente, mesmo em situações extremamente desafiadoras.
Como todos os arcanos, a Alta Sacerdotisa se expressa em diversos níveis; no nível mais mundano, pode ser uma carta muito passiva, mas pode mostrar a importância de ouvir, de saber esperar, de dar tempo ao tempo; e no nível mais profundo, como vimos, pode ser uma carta de compaixão, de sensibilidade e de intuição.
Muitos anjos, que são mensageiros da compaixão, são simbolizados com asas; isto porque pessoas sensitivas percebem que as energias emanadas por estes grandes seres saem da nuca ou das omoplatas, dão uma semi-volta em seus corpos em movimentos ondulatórios, dando-nos uma sensação de alegria e leveza (mas não em todas as situações, não vamos nos esquecer do aspecto assertivo de Deus), como um vôo.  A associação com asas é muito boa.
Vocês gostariam de saber o que significam as letras B e J das colunas da direita e da esquerda? Bom, primeiro vamos nos lembrar que as colunas simbolizam fundamentos que com sua solução de verticalidade, atravessam diversos planos ou freqüências. Yakin ou Joaquim e Boaz, símbolos maçons que se referem às colunas do Templo de Salomão, simbolizam o que poeticamente poderíamos chamar de gênios de cada coluna das forças cósmicas e telúricas, evolutivas e involutivas, a aliança indissolúvel entre o céu e a terra. Outro símbolo destes processos seria a escada de Jacó. A consciência da Alta Sacerdotisa está no centro deste processo.

A Imperatriz

Uma antiga visão de integração de tudo com tudo foi se perdendo gradualmente, inicialmente com a lógica de Aristóteles e a religião judaico-cristã, colocando toda a natureza e seres viventes como separados da humanidade e tendo como missão principal servir ao ser humano. Esta tendência de separação continuou no espírito inquisitorial e conquistador contra todas as tendências pagãs e concluindo com o espírito mecanicista que foi impregnando o pensamento cientifico.
Hoje está começando a haver um resgate da consciência de unidade em diversos campos da experiência humana. Para citar apenas um, podemos nos lembrar do pensamento ecológico. Capra nos lembrou que existem dois tipos de ecologia, um que se chama de ecologia superficial, que ainda enxerga o homem comandando a natureza, mas fundamentalmente fora dela; e a visão ecológica profunda percebendo o homem como fazendo parte da natureza.
Se conseguirmos imaginar ondas de ressonâncias inter-relacionadas, poderemos perceber a relação dos animais selvagens e nossos instintos; que se nossos rios estiverem poluídos, nossas emoções estarão atrapalhadas e vice-versa; se esburacamos nosso planeta de uma maneira desmedida teremos um grande aumento de osteoporose, se não cuidarmos de nosso ar, nossos pensamentos também estarão escurecidos e assim por diante. Nossa Terra e nossos corpos estão interligados. Nossas vontades internas, nossas emoções mais violentas, nossos pensamentos mal resolvidos são verdadeiros redemoinhos, furacões, vulcões, terremotos, etc.
A força da Imperatriz pode ser traduzida pela força da natureza selvagem, no sentido de natural; nossa natureza exuberante e criativa que aparece quando agimos sem bloqueios e quando estamos em harmonia com a energia de nosso ambiente.
Uma dama sentada em uma poltrona vermelha, em meio a uma vegetação abundante e a um trigal, simbolizando a colheita e prosperidade. Cetro de poder, simbolizando autoridade sobre o reino natural.

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A Justiça

Uma dama sentada, com uma roupa vermelha, entre duas colunas, com uma balança de dois pratos em uma das mãos e uma espada na outra. Pode ser considerada uma carta que busca o equilíbrio e a integração de polaridades nas relações de todos os níveis.
Sempre quando procuramos avaliar ou interagir com uma pessoa ou uma situação, o fazemos a partir de um sistema de crenças, de expectativas que alimentamos e daquilo que valorizamos. Esta modelagem ou programação pode ser considerada um dos pratos da balança em nosso arcano.
Podemos nos lembrar que a balança serve para medir e pesar e que as balanças de dois pratos tinham em um dos lados, pesos que serviam como modelo e no outro era colocada a mercadoria avaliada, procurando se chegar ao equilíbrio entre um e outro. Procurando o justo, no sentido de ajustado ou sintonizado. Podemos nos lembrar também que na procura do equilíbrio às vezes se aumentava ou diminuía a mercadoria (atuação assertiva sobre nossas experiências, através de uma atuação limitadora ou libertadora, conforme o caso) e em outras se modificava o peso (redimensionando nossas expectativas, nossos sistemas de valores ou nossa programação).
No símbolo é a espada que processa estas diversas modificações, que simboliza nossa mente, nossos discernimento e nossos decretos. As colunas mostram que este trabalho se processa em diversos planos, como no nível físico, sexual, emocional e mental.
Tive uma vez uma experiência que me ampliou bastante a idéia deste arcano: fui conduzir um trabalho, juntamente com outros profissionais, em uma chácara perto de São Paulo, ao lado de uma pedreira.
Chegamos á noite, no dia anterior do inicio do trabalho. Não conseguia dormir; tinha a nítida sensação que havia serezinhos agitados e bem pequenos que não queriam me deixar em paz. De repente, ouvi nitidamente respondi uma voz dizendo: Cuidado! Ele é um dos justos! O outro respondeu, satirizando-o; Só se for justo para os animais! Ficou claro para mim que não tinha me harmonizado com a energia da casa e que me consideravam uma espécie de invasor; e também que os justos bíblicos eram aqueles seres integrados e sintonizados, considerados a coluna do mundo.
Os acordos e pactos são importantes para que possa haver boas trocas de energias, assim como a coragem de romper acordos que deixaram de ser justos, aceitando o preço do rompimento. Não por acaso, na oração do Cristo, clamamos ao Pai pela liberação de nossas dividas cármicas, assim como nos comprometemos a liberar a nossos devedores, desta forma nos livrando de miríades de laços que nos aprisionam, independentemente do lado que ocupamos.
Sintetizando, a Justiça representa o equilíbrio, a justa medida em todas as relações e trocas de energias; até onde pode ir à liberdade e onde deve haver limites; até onde podemos ceder às expectativas e vontades dos outros em relação a nós e onde devemos ser firmes para que nosso espaço seja respeitado, da mesma forma que estaremos procurando respeitar os espaços dos outros. A maestria da força deste arcano é muito importante para que se estabeleçam as corretas relações humanas e planetárias, por mais difícil que seja.

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A Roda da Fortuna

Roda da Fortuna mostra, em primeiro lugar, uma roda ou um círculo. É aquilo que gira e se movimenta, com seus altos e baixos, com suas diversas experiências relacionadas e um determinado tema de nossa vida. No início de cada processo muitas vezes não sabemos muito bem para onde estamos nos dirigindo. Muitas vezes cheios de esperanças e expectativas, mas também alimentando muitas ilusões. No período representado pela Roda da Fortuna, já não podemos alegar inocência.
Muitas vezes ficamos presos a determinadas situações, com padrões de altos e baixos que se repetem inúmeras vezes. Podemos chamar este aspecto de círculo vicioso ou rodar em círculos. Acontece em inúmeras situações, nos mais diversos tipos de relações. De outro lado, podemos observar também que temos círculos de amigos, as diversas formas de associações e agrupamentos, que podem ser entendidos como círculos, que completam um processo em nossas vidas, quando encerramos ou realizamos alguma coisa depois de uma longa história. Podemos entender, ainda, um círculo como uma idéia de perfeição e equilíbrio, e a alquímica quadratura do círculo procuravam unir o transcendente com o mundano, à semelhança do trazer o reino dos céus à Terra dos templários.
Quando aparece este arcano, podemos estar certos de que estamos em um momento de conclusão. Será que encontramos o que esperávamos e, por isso, nos sentimos realizados e dispostos a continuar neste caminho? Ou será que perseguíamos uma ilusão, um fogo-fátuo, e tivemos uma verdadeira tomada de consciência de que é melhor seguir outro caminho?
No início de qualquer atividade humana, raramente temos uma boa noção para onde estamos nos dirigindo e com o que teremos que lidar. Isto não acontece quando somos experientes. Mas mesmo a experiência deve ser invocada com cautela, para não ficarmos presos ao passado.
Podemos então fechar uma Gestalt, podemos perceber: é isso aí!
Até certo tempo atrás, achava que a Roda da Fortuna estava invariavelmente ligada ao sucesso e à realização. E, de fato, uma visão clara não deixa de ser uma forma de realizações, mas o fato é que nem sempre bate com nossas expectativas iniciais. Um sinal disto, no baralho de Waite, é que os seres nos cantos parecem meio etéreos, não totalmente formados, enquanto que no Mundo os mesmos seres já estão plenamente formados. É interessante também notar que eles estão lendo um livro, como se estivessem ainda aprendendo.
Neste estado de nosso desenvolvimento já podemos ter a compreensão de que tudo que percebemos em nosso exterior tem alguma coisa a ver com nossos estados interiores. Enquanto que, no Mundo, podemos com maior facilidade exercer nossos poder radiante, fazendo com que o exterior responda às nossas disposições interiores.
Existe mais uma indicação importante neste arcano: pode ser um bom momento de decisão ou de uma resposta bem aguardada. Podemos sair do círculo; podemos completar o que tínhamos começado; uma resposta virá de uma maneira ou de outra; ou podemos continuar neste caminho, com maior consciência. Está em nossas mãos.

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A Força

Se refletirmos um pouco, todos os arcanos expressam algum tipo de força. O Mago expressa a força da criatividade; a Alta Sacerdotisa a força da sensibilidade e compaixão; a Imperatriz a da natureza; o Imperador a da autoridade racional; o Hierofante a espiritual e de cura; os Enamorados das decisões; o Carro a força de conquista de novos espaços; a Justiça do equilíbrio nas relações; o Eremita a da busca; a Roda da Fortuna a de completar um ciclo; do Enforcado da doação, dedicação e sacrifício; a Morte da transformação; a Temperança da harmonização; o Diabo do desejo intenso; a Torre da liberação; a Estrela da revelação e inspiração; a Lua da imaginação e de nosso arquivo emocional; o Sol de nossa auto-expressão; o Julgamento da aceleração de freqüências, o Mundo de nossa obra e o Louco de nossa entrega e total desprendimento.
Por que, então, um arcano específico que fala da força? Simplesmente porque mostra como acessar qualquer força que se faça necessária na circunstancia considerada.
Alcançamos a Força quando conseguimos harmonizar e integrar nossos desejos, nossas emoções e nossa mente com a energia de nossa alma.
Uma personalidade integrada pode se abrir como uma flor de lótus à energia divina. O ego pode ser entendido como um foco aglutinador de nossas identificações que poderíamos chamar de complexo de identidade, com a função inicial de simplesmente sintonizar e ajustar o fluxo de nossas disposições internas com as condições externas, uma espécie de termostato psíquico. Evidentemente, ele ultrapassou de muito os limites da função para que foi criado, surgindo daí o sentimento de separação, pois sua função é justamente comparar tudo com tudo, perceber as diferenças (o que continua fazendo muito bem), para depois procurar equalizar (o que tem procurado fazer por diversas formas de manipulação), o que se não for feito dentro do principio do amor e do respeito à toda criação, gera desarmonia e isolamento.
Houve uma tomada de consciência de que isto precisaria ser equilibrado e as antigas escolas e centros de formação religiosos e militares procuravam disciplinar o ego através da quebra da vontade, a qualquer custo. Não foi uma idéia muito boa.
Até hoje podemos perceber estas atitudes na maneira como ainda muitos educam suas crianças, como a maior parte das pessoas domam seus cavalos e nas diversas formas de manipulação através da disciplina rigorosa e culpa. Existe a saudável exceção das escolas de equitação modernas, onde pode se perceber que os cavalos são extremamente sensíveis e cooperam muito mais quando tratados com suavidade e equilíbrio.
Esta atitude é simbolizada por Hercules que matava o leão da Neméia, ou São Jorge matando o dragão da Lua. Hoje, felizmente, não mais precisamos matar o leão ou o dragão. Podemos apenas orientá-los, como a suave dama com o infinito em sua cabeça que delicadamente repousa suas mãos na boca do Leão; ou o menino que monta o dragão celeste na “Historia sem Fim”. Esta é a melhor maneira de desenvolvermos nossa criatividade e força, amadurecer nosso sentido de pessoalidade, e orientarmos nossas crianças internas e externas de uma maneira muito mais natural e saudável, sem traumas e criando condições e dando suporte para o pleno florescimento de cada ser.
Hoje podemos perceber que a antiga maneira tornava os seres demasiadamente passivos ou perigosamente rebeldes; perdiam o brilho e se tornavam neuróticas e o aspecto natural ou selvagem era reprimido e suas manifestações satanizadas, isto é, excluídas de qualquer possibilidade de aceitação e integração.
O mal foi projetado nas bestas, nos marginais, nos loucos, nos inimigos de diversas ordens, criando um grande desserviço à consciência de que trabalhamos em rede, e o que afeta uma parte, afeta a todas. O que negamos em algo ou alguém, negamos também em nós mesmos e a nós mesmos. Todos e tudo são nossos outros eus, e é chegado o momento de abraçarmos qualquer realidade, e então, só então, nos movimentarmos criativamente e prazerosamente de acordo com nosso intento, que é nossa verdadeira força.
Estamos começando a mudar. Estamos começando a nos relacionar de uma maneira mais humana com nossos animais e a endente-los melhor; está começando a haver uma maior ênfase na criatividade, motivação e vocação; estamos revendo os conceitos de insanidade, inclusive revalorizando os estados alterados de consciência, deixando de taxar automaticamente como patológico muitas de suas manifestações, estamos começando a rever nossa relação com a Natureza. Estamos apenas no inicio de uma revolução aquariana de consciência, como já podemos percebê-la.
Agora estamos prontos para o viver e deixar viver, trabalhar nossa auto-expressão em perfeita sinergia com nossa consciência de grupo. Astrologicamente isto tem muito a ver com o eixo Leão-Aquário.

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A Morte

Entre o termino de um ciclo e o início de outro, existe um espaço que pode ser chamado momento de passagem ou de transformação profunda, simbolizado pelo arcano da Morte.
Em nossos processos normais, sempre temos alguma coisa a fazer, resolver, ou mesmo nos preocuparmos. Nos momentos de transformações, como da ocasião de uma perda importante, de um fechamento de qualquer ciclo como o termino da faculdade e antes de encontrar um emprego; no período de adaptação logo após um casamento ou uma separação; no momento de ser despedido; no conhecimento de uma doença grave nossa ou de alguém extremamente próximo; situações em que nos sentimos totalmente desamparados, impotentes e fora de controle das coisas; muitas vezes não existe nada a fazer.
O desafio é justamente entregarmo-nos e confiarmos no vazio da transformação, onde poderemos atravessar uma verdadeira revolução de consciência e sairmos regenerados e engrandecidos, prontos como bebes para a nova fase, ou, ao contrario, com uma grande perda de energia psíquica quando nos fixamos em nosso medo e dor.
Nossa cultura trabalha mal a sensação de vazio, o medo e as incertezas; e assim normalmente temos muita dificuldade em atravessar estes períodos, sentindo-nos solitários, infelizes e perdendo uma enorme energia psíquica.  O ciclo completo é vida, morte e renascimento. Saímos de uma experiência, passamos por uma profunda transformação e entramos em outro ciclo de experiências.
Existem diversos símbolos na Natureza que representam esta transição, como por exemplo, as seivas (energia vital) das plantas descem para as raízes (fundamentos) no inverno, tirando a energia das folhas e galhos, sendo um bom período para a poda dos galhos que estão mais fragilizados, que são muitas vezes aqueles que mais produziram no ultimo ciclo. Na primavera as energias voltam à expressão com toda força. Quando um ser humano se identifica ou fixa-se em demasia com o que perde, assemelha-se a cortar um galho com seiva, quando há perda real e não apenas aparente de energia.
Temos nestes momentos que aprender a nos recolhermos à nossa essência, passarmos por uma profunda reflexão simbolizada pelo vazio ou fogo da transformação, e à semelhança de Phoenix, o pássaro mítico, renascermos de nossas cinzas.
Outro símbolo é a lagarta que se transforma em borboleta. Durante o tempo de lagarta ela provoca muito mais destruição do que construção. Durante sua fase de borboleta, com sua função de polinização, ela repõe com folga o que destruiu, alem de irradiar beleza e harmonia com suas cores e ensinar a confiança radical na existência, entregando-se ao sabor do vento.
A lagosta muda de tempos em tempos de casca, quando de recolhe em uma toca, e apesar de vulnerável é quando se prepara para uma nova fase de crescimento.
Como fomos acostumados a controlar todas as situações, nos sentimos muito aflitos quando entramos em uma fase de incertezas. Porém é exatamente nestes momentos que podemos dar enormes saltos de consciência. Se estivermos centrados, procurando o silencio interior e em comunhão com nossa alma, saímos destas experiências, transformados, como um novo ser. Recebemos a benção do Graal, como no cavaleiros da Távola Redonda.
Todos os xamãs nos ritos de passagens encontram a experiência da quase morte, que é a entrega à Força Maior. Na experiência do Graal, o ultimo passo é sobre o abismo, a noite escura da alma, aonde eventualmente chegamos a desenvolver a confiança radical. São muitos os que desistem neste momento, e precisam começar tudo de novo. Na Cabala, a misteriosa esfera de Daath pode ser considerada o teto do inferno e o chão do paraíso.
Existe ordem até no aparente caos. Não precisaria ser tão doloroso, o que torna este processo tão doloroso são nossos apegos. No Tibete existe toda uma tradição de como lidar com estes momentos, chamado de Bardo, e passam toda uma vida preparando-se para isto.
Na prática quando temos uma sensação de vazio, perda, medo ou pânico, o caminho é não tentar controlar, resolver ou mesmo entender esta situação, pois nenhuma de nossas funções emocionais e mentais consegue operar neste nível de freqüências, mas abrirmo-nos para a Presença divina, Shekina, através da entrega total.
Por enquanto vocês podem receber estas idéias como sugestões ou hipóteses de trabalho, mas garanto que muitos já têm esta experiência assimilada. Quando uma pessoa consegue operar neste nível, sua presença torna-se fortemente magnética e curadora.
Quando no Tarô sai a Morte, dificilmente é uma grande morte, mas talvez uma das centenas ou mesmo milhares de transformações e mudanças que acontecem em nossas vidas, todas potencialmente importantes e reveladoras. Nosso planeta está também atravessando um destes períodos e por isso todos são afetados fortemente por esta experiência.
A Roda da Fortuna junto com a Morte nos ensina que encerrado um ciclo podemos nos entregar ao período do vazio da transformação, ao fogo criador, conservando apenas a Presença, sabendo que a Vida, ressurgindo das cinzas, mas uma vez virá em todo seu esplendor.

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A Temperança

No Tarô existem três arcanos que estão diretamente relacionados com o equilíbrio: o Hierofante, a Justiça e a Temperança.
No Hierofante, o equilíbrio vem através da maestria sobre os cinco elementos, com a conseqüente integração do físico, emocional, mental e energia motivacional pelo espiritual, permitindo, dessa maneira, a cura e expressão em diversos níveis.
No arcano da Justiça, o equilíbrio se dá através do muitas vezes difícil ajuste nas relações, trabalhando-se desta forma as crenças, expectativas, limites, resistências e experiências. É um processo dinâmico e intenso.
Na Temperança, o equilíbrio chega junto com a paz e harmonia. Traz, sempre que aparece em uma leitura, a indicação de que haverá uma ordem, que tudo estará bem, que podemos nos tranqüilizar ou, simplesmente, nos suger umas férias ou um repouso. Poderemos nos abrir ao poder curativo do Universo.
Em tempos muito antigos, que fugiram à memória do homem atual, existia uma ordem natural em que o alto vibrava em ressonância com o baixo, onde a experiência da criação se fundia com a do Criador, em que a Vontade do Pai atuava na Terra como nos Céus. Mas esse equilíbrio foi rompido no aspecto lunar da experiência humana, ameaçando o aspecto solar.
Como verdadeiramente havia o perigo de contaminação, a Terra foi colocada em uma espécie de quarentena, abaixando sua vibração através, primeiro, de uma barreira de freqüência e, finalmente, através da desconexão de uma rede de energia planetária e humana, chamada de rede axial nos humanos. Esta etapa final foi catalisada por um grupo de mestres ancestrais da civilização que deu origem aos maias, há cerca de 12.000 anos, deslocando também o eixo da Terra.
Agora, este mesmo grupo está presente para reativar as linhas, e esta reconexão é um processo que se dá em diversas dimensões, em direta sintonia com a atenção do Criador e afeta a tudo e a todos. Estamos nos dirigindo do isolamento para a união. Isto estará sendo possível porque descobrimos o antídoto para toda a negatividade, que é oferecer um abraço amoroso, inclusive para o negativo ou o que nos causa dificuldades. Assim, nossa luz não se entristece. Somos seres de feixes luminosos, inicialmente flexíveis e interativos, por uns bons tempos rígidos e secos, e partir desta nova compreensão nos dirigindo novamente a um estado de fluidez e harmonia.
Hoje sabemos que poderemos atravessar situações extremas sem perder a esperança quando conseguimos manter uma visão do processo. Esta visão vem da confiança e certeza de que em algum tempo, em algum lugar, tudo estará certo. A Temperança nos mostra como nos sintonizar com esta energia agora e encontrarmos a confiança e a paz, a verdadeira paz. Alguns guias nos falam que este é o verdadeiro encontro de nossos seres passados com nossos seres futuros no foco do agora, em termos de freqüências e energias, simbolizado pelo fluído que percorre as taças seguras pelo anjo.
No símbolo, no baralho de Waite, poderemos perceber um disco solar na cabeça do anjo, revelando sua conexão com o eu superior; um triângulo no peito, um símbolo de integração que um de meus guias, muito ligado a um dos aspectos da Mãe, me sugere que também pode significar paz, amor e harmonia; o lago e a terra, o racional e o emocional; flores amarelas, simbolizando o plexo solar; a montanha da aceleração das freqüências e os cálices, trazendo o encontro do passado com o futuro através do presente, formando um símbolo que lembra o signo de Aquário.
Só tem sentido o esforço da busca em harmonia com a arte do encontro. Existem muitos buscadores abnegados que nunca se permitem perceber que o verdadeiro lar é exatamente o lugar e o momento em que estão, a base orgânica de sua presença.

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A Torre

Uma torre sendo atingida por um raio que lhe arranca o topo coroado; duas pessoas, o senhor e o servo caindo. Destruição de nossos projetos que já cumpriram suas funções ou não atingiram força cinética de sustentação; decepções e queda de nossas fantasias sem base real; liberação de nossos bloqueios e abertura de nossas defesas, mudança de paradigmas.
Muitos procuram se proteger isolando-se em uma torre de marfim. Ou procuram se apoiar excessivamente em um relacionamento ou projeto de vida, ou procuram isolar-se para evitar contatos pelo medo do sofrimento e incertezas. Nossa alma parece uma criança, não gosta de coisas paradas ou estagnadas. Se nos falta habilidade ou disposição para continuamente oferecermos ou até mesmo reconhecermos novos projetos que possibilitem uma expressão de nossos seres interiores, nossa alma pode se desinteressar pela brincadeira, retirando sua chama, ou, muito melhor, provocar uma mudança dramática no jogo, criando com este choque pelo menos uma oportunidade razoável para nossos despertar.
Quer estejamos conscientes ou não, temos um compromisso com o Criador, de focalizarmos nossas melhores energias na concretização de nossos sonhos que estejam alinhados com a energia do Centro. O resultado até importa menos do que nossa energia projetada, pois em algum tempo, em algum lugar, ela irá aterrissar, se for firme, intensa e radiante.
Mas para isso seja possível precisaremos encontrar coragem e desprendimento para nos soltarmos de nossos bloqueios e amarras, liberando-nos muitas vezes de situações viciosas. Normalmente é bastante difícil aceitarmos as perdas, as mudanças e decepções; mas é sempre importante para que possamos estar preparados para novos passos sem a escravidão do passado.
O raio é uma energia dinamizadora e libertadora do passado; é uma energia que vem dos céus. Tenhamos este reconhecimento, por mais destruidor que pareça. Ao lado de seu aspecto destruidor, traz a semente do novo.

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A Estrela

Dos pontos que recebemos maior quantidade de impressões, os mais próximos e diretos são o Sol e a Lua. Mas quem já não ficou maravilhado com a beleza de uma noite estrelada, com a sensação de imensidão, de profundidade e de unidade? Nesses momentos, parece claro que o Universo canta e, se estivermos bem abertos, poderemos receber uma mensagem.
Imagine que, de toda esta imensidão, em perfeita harmonia exista um ponto, talvez apenas uma estrela, que seja um foco de conexão maior. Que este ponto seja o foco orgânico de manifestação de nosso Espírito. Que haja um grupo, talvez um pequeno grupo de estrelas, eventualmente apenas oito, que seja o foco de nossas almas companheiras, visíveis e invisíveis. Que a todo o momento recebemos orientações, intuições, direcionamentos, padrões de freqüências, sendo apenas necessário que possamos nos abrir e permitir este contato.
Dos pontos que recebemos maior quantidade de impressões, os mais próximos e diretos são o Sol e a Lua. Mas quem já não ficou maravilhado com a beleza de uma noite estrelada, com a sensação de imensidão, de profundidade e de unidade? Nesses momentos, parece claro que o Universo canta e, se estivermos bem abertos, poderemos receber uma mensagem. Imagine que, de toda esta imensidão, em perfeita harmonia exista um ponto, talvez apenas uma estrela, que seja um foco de conexão maior. Que este ponto seja o foco orgânico de manifestação de nosso Espírito. Que haja um grupo, talvez um pequeno grupo de estrelas, eventualmente apenas oito, que seja o foco de nossas almas companheiras, visíveis e invisíveis. Que a todo o momento recebemos orientações, intuições, direcionamentos, padrões de freqüências, sendo apenas necessário que possamos nos abrir e permitir este contato.
Este arcano mostra uma mulher despida, com um pé no lago e o outro em terra firme, com dois jarros derramando um líquido; um jarro sobre a água, que derrama uma quantidade maior e outro que derrama uma quantidade menor sobre a terra. Podendo imaginar que a água representa nossas emoções e a terra nosso lado racional, poderemos ver que a intuição alimenta com maior abundância nossos sentimentos, emoções e imaginação, desde que estejam tranqüilas como um lago; mas também derrama energia no lado racional. As estrelas mostram as conexões cósmicas.
Uma pergunta que me fazem sempre é como poderemos perceber se é uma intuição real ou uma ilusão a impressão que nos chega. Bem, a resposta final será quando conseguirmos perceber a assinatura de freqüência daquela idéia, que é uma sensação muito sutil de leveza, confiança e certeza internas. Enquanto isto poderemos confiar em nossos sentimentos temperados pela nossa razão.
Quando aparece a Estrela em uma leitura, ela nos mostra que poderemos confiar naquele caminho, naquela idéia ou no que aquela pessoa está sugerindo ou representando. É, também, uma carta de esperança. Indica, também, trocas de energias inter-dimensionais.

A Lua

Temos neste arcano, a representação de um lago; de um caminho que relaciona o lago com a montanha; dois cachorros ou lobos; duas torres; um caranguejo e a própria Lua, gotejando o que pode ser sangue.
O lago, em termos psíquicos, pode representar o território de nossas emoções; o caminho conectado com a montanha, nosso consciente; as torres nossos projetos; os lobos ou cachorros, nossos censores e o caranguejo uma espécie de mouse ou foco de atenção. Ficava com peninha de o caranguejo ter que subir a estrada, quando me lembrei que ele anda para trás, lidando com assuntos passados na medida em que entra no lago das emoções.
Se pensarmos que cada vez que temos uma frustração não integrada, sonhos não realizados ou mal resolvidos, paixões e emoções intensas não harmonizadas e isto provavelmente por varias vidas, poderemos ver como nosso ser está fragmentado e o trabalho que teremos para juntar nossos cacos. Felizmente, todos estes focos criam padrões intermitentes de manifestação, trazendo situações da mesma freqüência para que possam ser curadas, o que nem sempre fazemos. Uma das funções da Lua é ser guardião de toda nossa bagagem psíquica e ciclicamente trazê-la à nossa consciência. Enquanto não fizermos isto, estaremos perdendo energia e vitalidade, simbolizadas pelas gotas de sangue.
A Lua funciona também como filtro de impressões. Se imaginarmos que tudo que os outros emanam a nosso respeito, bom ou mau, chega ao nosso campo áurico, poderemos imaginar o quanto nossa percepção consciente estaria sobrecarregada, se tivesse acesso direto a todas estas impressões. Mas estas impressões não se perdem, ficam armazenadas no limiar de nossa consciência, até que nos posicionemos em relação a elas, com a atenção equilibradora do Hierofante, o que nem sempre fazemos; tendo como conseqüência a energia psíquica não trabalhada caindo de vibração, criando uma espécie de poluição. De outro lado, também não gostaríamos que os outros soubessem tudo o que pensamos e sentimos a seu respeito,
e a função da Lua atua como filtro também nesse sentido. Não deixa de ser uma forma de proteção.
Ela modula aquilo que queremos passar ao nível da receptividade de quem está recebendo. Nem sempre é saudável passarmos todas nossas impressões sobre os outros ou toda a informação que temos disponíveis e precisamos sintonizá-la com quem a recebe.
Representa também a função da imaginação e visualizações e estamos cada vez mais conscientes como esta função é importante na criação de nossa realidade e nas comunicações intra-psíquicas.
Gostaria de relatar uma historia ocorrida há alguns anos. Estava participando de um seminário onde o orientador estava conduzindo um trabalho de visualizações. Visualizamos nossa casa, que na época estava a uns 300 km do local do evento, com suas mobílias, compartimentos, etc., quando ele pediu para nos comunicarmos com alguém da família. Pensei em ir ao quarto de minha filha, na época com três anos, que naquele momento deveria estar dormindo, e qual minha surpresa, em minha fantasia ela antes veio até mim e me perguntou o que estava fazendo lá. O mais interessante é que no dia seguinte, quando efetivamente fui até lá, ela me perguntou se não estivera na noite anterior lá. Este limiar entre mundo mágico e concreto, muito percorrido em todas as formas de magia, é simbolizado pela Lua.
Ainda dentro deste rico arcano poderíamos falar de canalizações. Sem entrar em grandes detalhes, que não é o objetivo aqui, estou convencido que sempre existe uma relação entre a energia que está sendo contatada e a psique de quem está servindo de canal.
É importante percebermos isto para evitar uma atitude excessivamente crédula, que poderia ser perigosa, ou excessivamente cética, e poderia eventualmente nos fazer perder uma boa oportunidade. Sugiro nos ocuparmos mais com a qualidade da informação. Para isso, poderemos confiar mais em nosso discernimento e sensibilidade do que nos preocuparmos com autoridade do comunicador; inclusive porque, particularmente, se for uma força de manipulação, ela procurará se encaixar em nossas melhores expectativas quanto às suas credenciais. Sugiro recebermos todas as informações com respeito e prudência, conscientes de que nada substitui a sinalização de nossa voz interior.

As Rainhas

Todas as rainhas são representantes do elemento água em cada naipe, demonstrando a força das emoções e sentimentos, diversas formas de afeto, amorosidade e expressões do feminino.
Rainha de copas – compaixão, empatia, capacidade de perdoar e acolhimento.
Rainha de ouros – expressão de afeto através do cuidado de uma maneira prática e concreta.
Rainha de espadas – afeto através do desapego e sentimento liberalizador, como um águia que induz seus filhotes ao vôo, quando estão prontos.
Rainha de paus – expressa o afeto de uma maneira mais intensa e assertiva, com muita firmeza, às vezes até de uma maneira dura. Algumas pessoas precisam de um choque adicional para acordar. O cuidado a ser tomado aqui é se realmente estará se expressando afeto a partir de uma real compreensão amorosa ou se será julgamento e manipulações emocionais mal disfarçados. O grande diferencial é se a pessoa que está expressando está incomodada e não aceitando a outra; ou se, ao contrário, aceita a outra mesmo que esta não mova um palito na direção desejada. Se não houver esta aceitação, não estaremos falando de dama de paus.

Outros Aspectos do Feminino

No I Ching, o principal hexagrama ligado ao feminino é O Receptivo. Enquanto O Criativo está mais ligado ao aspecto do tempo, o receptivo está mais ligado ao espaço. As outras características se assemelham àquelas que já consideramos anteriormente.
Em Astrologia, os elementos femininos são considerados a água, que contém os atributos astrológicos de ser úmida ou flexível, e fria, ou retentiva; e a terra, por conter o atributo de ser fria.
Estou terminando de ler um livro muito interessante, The Meaning of Mary Magdalene de Cynthia Bourgeault , que repensa completamente o significado de Maria Madalena. Além de ser considerada a apóstala dos apóstolos, fala de seu papel de verdadeiro amor consciente e testemunho, além de citar o processo da transformação alquímica no ser pleno. Muito interessante e profundo.
O Código da Vinci também traz alguns aspectos interessantes, mas é mais superficial.
Um aspecto bem interessante do feminino é a importância do lado direito do cérebro. Assisti a um vídeo há um certo tempo atrás, de uma neurocientista de Havard, Dra. Jill Bolte Taylor, que havia sofrido uma isquemia do lado esquerdo do cérebro; depois de vários anos havia recuperado grande parte de suas funções e estava dando um testemunho de sua experiência: resumindo, assim que teve o derrame, não conseguia mais diferenciar as coisas, mas tinha um grande sentimento de unidade de todas as coisas, percebendo que não havia uma separação real entre tudo que existe. Era um mundo de plena energia. A palestra era cheia de detalhes da experiência, mas o que gostaria de trazer aqui, além da sensação da energia unificada, é que em todo o trabalho de recuperação teve que fazer um extraordinário esforço em reconfigurar todas as impressões para torná-las inteligíveis primeiro para si mesma e depois para que pudesse voltar a interagir com o mundo de forma satisfatória. O outro ponto é, que segundo seu testemunho, havia atravessado a experiência de iluminação, pois o que havia vivenciado era totalmente compatível com o relato de diversos seres que por outras razões atravessaram o mesmo caminho.

Conclusão

A busca e prática do feminino é o caminho para nos integrarmos com nossas polaridades (em alquimia chamado de casamento alquímico), para nos curarmos, para percebermos os outros, para nos harmonizarmos com nosso planeta e nos libertarmos de nossos padrões já superados de passado, para nos tornarmos seres mais compassivos e eventualmente nos sintonizarmos com o Grande Oceano de Luz. Pode ser chamada de via úmida. Que tal?

abril.11

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